Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2012

O espião que saiu do fresco

Este blog ficava garantido até ao fim dos tempos se conseguisse contar por inteiro a história que envolveu um jovem estagiário do início dos anos 60, mais tarde editor de um jornal de referência, num caso que John Le Carré não desdenharia ter inventado. Uma história de kuando os rádios eram clubes. Tudo começou na sala onde então funcionavam os Notíciários do Rádio Clube Português. O jovem entrou com o ar despachado de repórter de banda desenhada e perguntou, como usava fazer: "Então o que é que há?" Suponho que o pontapé de saída partiu do Paulo Fernando, inventando em directo e ao vivo uma estranha história de espionagem, com escala por Lisboa, onde se acoitava um cientista criador de um engenho que sugava submarinos no Mediterrâneo. O Luís Fliipe Costa continuou: a Censura não deixava dar a notícia, pois o almirante Tomás partira nesse dia por via marítima para S. Tomé onde, mal ele saberia, iria desembarcar heroicamente na praia do Pantufo.

O jovem estagiário - que não era propriamente estagiário do Rádio mas apenas alguém disponível para cobrir umas sobras da agenda -, estava em pulgas. Situação que o Paulo Fernando exacerbou descobrindo o endereço do cientista na lista dos telefones: aquilo era a guerra do Médio Oriente ao vivo em Lisboa. O jovem lá se meteu a caminho, de gravador pronto a entrevistar o cientista. Voltou desanimado: no endereço em questão bateram-lhe com a porta na cara, pois ninguém admite às boas a condição de cientista que suga submarinos no Mediterrâneo.

O caso prosseguiu durante mais de um mês, envolvendo grande parte do pessoal do Rádio e amigos nossos do Diário de Notícias e da TAP - o que permitiu a internacionalização do conflito. O jovem tanto recebia ofertas milionárias pela "reportagem" que não tinha como ameaças de morte, chegando mesmo a ser seguido durante dias por um indivíduo com pinta árabe, transportando uma caixa de violino, isto é, uma metralhadora.  De meia em meia hora ligava para o rádio a dizer onde estava e para onde ia. Alguém lhe explicou piedosamente: "assim, kuando fores raptado, sabemos mais ou menos o local e a hora". E a brincadeira assumiu tais proporções que kuando a quisemos desmentir... não conseguimos explicar toda a trama que lançáramos e da qual perdêramos a mão. Ou o pé.

João Paulo Guerra (e agora, haja quem siga a história)

publicado por paulogalina às 19:46
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7 comentários:
De paulogalina a 28 de Janeiro de 2012 às 13:03
QUEM ERA O JOVEM ESTAGIÁRIO?

A - Artur Albarran
B - Benjamim Formigo
C - Cândido de Azevedo
D - Daniel Reis
E - Eduardo Fidalgo
F - Ferreira Fernandes
G - Gonçalo Pereira
etc...


De Orlando Dias Agudo a 28 de Janeiro de 2012 às 23:23
Hipotese B


De paulogalina a 30 de Janeiro de 2012 às 18:39
O site do Clube dos Jornalistas - http://www.clubedejornalistas.pt/ - cita o blogue Kaundoosradioseramclubes, a propósito desta história, e aproveita para recomendar a leitura de outros posts, «para ficar a saber como se fazia radio no tempo em que as histórias não tinham que ser comprimidas em pastilhas».

Mas isso era kuandoosradioseramclubes...


De paulogalina a 31 de Janeiro de 2012 às 10:05
CORREIO DO CLUBE

Estive a ler os textos todos... Fartei-me de rir. Gostei. Adorei. E quem era afinal o estagiário?
ANA SOUSA DIAS

Fiquei fan do blogue. E passei-me com a actividade frenética do Paulo Fernando nos blogues. Está em forma.
JOÃO ALFERES GONÇALVES

Uma verdadeira delícia!
JOE BARROS


De Pilinha Certeira a 2 de Fevereiro de 2012 às 01:54
ÒBVIAMENTE ANUNCIO: Benjamim Formigo o verdadeiro, o único. A chama judaica na luta contra o \"peqicoloso\" perigo árabe. Enkuanto existir um FORMIGO as formigas terão sempre kem as conduza à procriação... PS - o k é feito do Formigo k foi, creio editor de Politica Internacional do \"Es-presso\"? Será k com o treino no RCP é já o Chefe da Moussad? DESDE K VI UMA \"BICICLETA A ANDAR DE PORCO\" JÁ NADA ME SURPREENDE.


De paulinho das garotas a 12 de Maio de 2013 às 06:10
2. \"O ESPIÃO K VEIO DOFRESCO\" Efectivamente revelavam as Agencias k, por telex, nos traziam as news de que um submarino desaparecido no Mediterraneo teria sido sugado. Dera a noticia no Intercalar das 18 e, quando voltei não me coibi de, com os colegas presentes abordar o facto. O Médio-Oriente esquentava. Ao ver o Formigo não me dominei e, alem do já relatado, enfiei mais uns ingredientes para activar os neurónios do pretendente a reporter. Um cientista.louco da Bielo Russia ;um alto-comando Nazi; um grupo extremista palestino; um diplomata português. Só não incluî o Eusebio porque estagiava na Suiça. Tracei inumeros cenários bebidos àvidamente por Benjamim Formigo. O \"caldo\" estava suculento. E Formigo na esperança certa de que o seu MOMENTO DE GLÓRIA chegara ofereceu-se para investigar. Avisámo-lo de que era uma missão arriscada. \"- PERIGO DE VIDA!\" alguém soprou. \"- QUE NÃO!...\" Ele iria buscar as rédeas e cavalgar na obtusa cartada que no Oriente-Médio se jogava. Como Peão, em tabuleiro de Xadrez, na tentativa de comer a Rainha, saiu porta fóra. Alguém lhe gritou: \"- CUIDADO COM A PIDE...\" Desapareceu no fundo do corredor ao ultrapassar o guarda-vento.


De paulinho das garotas a 14 de Maio de 2013 às 04:41
senha = BROCHE A história ia-se desenrrolando deixando o nosso, dele, reporter por conta própria numa teia em k tal mosca seria ingerida pela astuta aranha. Se o Oriente-Médio era o fulcro necessário se tornava arranjar um Judeu. Dei lavos à m/imaginação e encontrei o Boneco Ideal. De nome hebraico e de conceituada familia há muito radicada em Portugal. Morava no Chiado e negociava em joias. Era uma cereja mais em cima do bolo. E, dias depois, um telegrama de Bogotá, k mão amiga, um Comissário de Bordo da Avianca (?)enviou para casa do nosso James Bond da Brandoa: \" VÁ À MORADA XX. 2o. ANDAR. ÀS 17.30. BATA À PORTA E DIGA A SENHA \'BROCHE\'. EM TROCA RECEBERÁ IMPORTANTE DOCUMENTAÇÃO MANUSESCRITA.\" O endereço era o do Judeu joalheiro k não entrava neste filme ou assim pensava. O nosso reporter-rastejante continuava a pairar. E lá ia aparecendo. Porem s/o Chiado nem uma só palavra Uma semana se passou. Era altura de actuar. Liguei para o Judeu. Disse-lhe k falava do Miguel Bombarda explicando k, um paciente com paranoia-aguda, fugira e k no seu Quarto fôra encontrado um bilhete c/aquela morada e o telefone. Uma pausa e a resposta: \"- Era um jovem macilento de gabardina?\" Adiantou: \"- O meu filho abriu a porta e ele disse BROCHE. O meu filho não gostou e correu-o escada abaixo com uns sopapos à mistura.\" Desliguei de mansinho. O \"nosso homem k veio do fresco\" começara a sentir as agruras duma profissão cativante ou nem tanto... O Formigo nunca abordou esta situação com ninguem...


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